CAPÍTULO 1º - RENASCENDO
CAPÍTULO 1º - RENASCENDO

           O cavaleiro milenar encontra-se atordoado e de um enorme suspiro levanta-se como se estivesse nascendo de novo, sua mente vazia porém inquieta  pergunta o clichê: quem sou? Onde estou? Mas o tremor de seu corpo frio, não lhe permite pensar e o faz sair andando, acalentar-se era seu único objetivo. As luzes da cidade era seu único rumo.

           Era seu primeiro dia fora da cidade blindada, tudo lhe foi tomado, restando apenas a persistência em busca de manter-se vivo, característica de todo ser milenar, sua armadura escancarava sua mal sucedida batalha o sangue e o fedor se faziam presentes, obscurecendo-lhe a lembrança da antiga vida repleta de rigalias que de certo tardariam a lhe servir novamente.

           Além de acalentar-se, agora alimentar-se já lhe fazia falta, prostrou-se de fraqueza e apagou novamente... Horas depois começou a ouvir vozes. A inteligencia herdada de seus pais o fazia raciocinar, era o que tornaria sua jornada de sobrevivência menos difícil. Seu pai um nobre artesão que abriu mão de tudo em busca da felicidade, deixara um legado de fartura, paz, sorte e prosperidade, e a maior lição milenar: a humildade, que te faz aprender e respeitar todo instante de vida terrena e espiritual, a alegria habitava sua vida sua felicidade contagiava a todos, e o tornava mais feliz ainda, e com essa dádiva permeando sua mente, o cavaleiro acordou.

            As vozes que ouvia eram de um grupo de excluídos que o resgataram, eles bebiam e dividiam um imenso filão de pão que era doado diariamente por uma generosa mulher que habitava a cidade blindada. O grupo tinha dez pessoas, oito homens, a maioria sem armaduras e também descalços, observara o cavaleiro, eles diziam que se reuniam ali todas as noites, onde recebiam o filão, e alguns ficavam ali de dia também. Embora o local sofresse poucos ataques por estar bem longe da zona de radiação da cidade blindada, alguém tinha que vigiar seus pertences, utópicos tesouros que lhes restavam.

            O cavaleiro embreagou-se e dormiu, seus sonhos lhe conferiam disposição para novas batalhas, porém tudo ainda estava obscuro em sua mente, como se um nevoeiro intenso o impedisse de pensar claramente... E assim passaram-se anos.

             Os governantes da cidade blindada sabiam da existência dos grupos que se formavam na periferia, porém não faziam nada por eles pois eram a escoria social que não contribuíam com impostos, e tinham comportamentos abomináveis, adquiriam bebidas e drogas de traficantes, em troca de "seringadas", tubos de sangue que os traficantes "batizavam" misturando água e vendiam para os hospitais da nobreza na cidade blindada.

           E por falar em água, a potável não existia fora da cidade blindada. Havia uma enorme represa no centro da cidade blindada abastecida artezianamente, onde eram diluídos toneladas de drogas da longevidade, dissolvidas garantiam a prevenção de doenças dizimantes como: Diabetes, Hipertensão, Gripes e até o Câncer.

            Os habitantes da cidade blindada viviam a soberba, não interagiam muito entre si, a sociedade era composta de famílias pequenas de no máximo três pessoas com renda per capita muito alta, pessoas muito bem sucedidas que achavam ter encontrado o clímax da satisfação pessoal, tinham segurança e ao invés de pagar impostos ainda recebiam do rei incentivos financeiros, além de alimentos, saneamento, energia etc.

           
























.